sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Quaresma


A Quaresma, no calendário litúrgico romano, corresponde ao período entre a quarta-feira de cinzas (logo após o carnaval) até a missa "na Ceia do Senhor". Esta missa vespertina dá inicio, nos livros litúrgicos, ao Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor, que tem seu cume na Vigília pascal e termina com as Vésperas dá Domingo da Ressurreição.

A Quaresma não dura exatamente 40 dias. Explica-se pelo motivo de que o domingo, dia do Senhor, não se faz penitência. E acrescenta-se os quatro primeiros dias chamados de cinzas (quarta-feira de cinzas até sábado das cinzas).

O número 40 é rico de simbologias bíblicas. Nas Sagradas Escrituras, o número 40 aparece com sentido de preparação para um grande acontecimento. Por isso “quarentena”, que da-se o nome "Quaresma".

A Quaresma alude aos 40 anos de peregrinação do povo de Deus na travessia do deserto (Ex 15,22. 40), como tempo de preparação para entrar na terra prometida; Os 40 dias de jejum de Moisés e Elias (Ex 34,28; I Reis 19,8), em preparação ao encontro com Deus; Os 40 dias do dilúvio (Gn 6-9), para purificar a maldade na terra; Os 40 dias de penitência pregadas por Jonas (Jn 3,4), como tempo de reconciliação e perdão e os 40 dias de Jesus no deserto (MT 4), como preparação à sua grande missão.

Neste sentido, a Quaresma é um tempo de preparação do cristão para as festividades da Ressurreição. Páscoa do Senhor!

Conforme a Tradição da igreja estes dias são dedicados à vida interior mediante a prática de orações, abstinências e caridades. Conhecidos como os três pilares fundamentais da Quaresma, traduzidos pela oração, o jejum e a esmola, tornam-se um caminho espiritual para a conversão.


O objetivo da Quaresma é exatamente este: a conversão do homem a Deus. "Convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). As palavras do Senhor vai além de uma exibição de piedade, conforme era a prática dos fariseus. Jesus quando pede conversão Ele direciona o seu apelo para uma decisão livre pessoal e radical, capaz de modificar não somente as aparências, mas de fato ocorrer uma transformação de todo o nosso ser.

Um coração sem ideal e sem chama interior é um deserto calcinado, céu sem estrelas, jarro sem flores. Pelo pecado pessoal, o projeto de Deus foi desfeito. O homem quis construir a sua vida a partir dos próprios critérios. Sua resposta foi a infidelidade. Deu as costas para Deus, criando em si a morte e a destruição. É o fracasso dos anseios de felicidade do homem. Por isso, a necessidade de conversão.


A conversão, portanto, significa uma adesão total a Deus. Uma renúncia ao pecado e a tudo que contrapõe o Reino de Deus. É um morrer para as práticas velhas afim de um novo nascimento.

Desse modo, realiza-se o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A igreja lembra-nos ao longo da Quaresma, que estamos em passagem por este mundo e que a vida de verdade ainda virá. Este tempo (Quaresma) deve ser um tempo de verdadeira terapia contra o pecado. Os pilares quaresmais ganham o sentido de remédios, a Bíblia é a receita, Jesus o terapeuta.
Não poderá faltar a Confissão. Jesus quis que nos confessemos com o Sacerdote da igreja, porque ele também é fraco e humano, e pode nos compreender, orientar e perdoar pela autoridade de Deus.

Seguindo essas práticas, acompanhada de toda a Liturgia quaresmal oferecida pela igreja ao longo desses dias, estaremos enriquecendo o nosso espírito, estaremos de fato preparando para celebrarmos bem a Páscoa do Senhor.




 

Fonte: Texto de Padre Adilson Leite, publicado na revista O Semeador, Fev. 2010 – 1º Edição.


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